"Alvorada" (Batuque de Mazagão Velho) - Música Negra do Amapá
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4 سال پیش
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O QUE É BATUQUE?O batuque
O QUE É BATUQUE?
O batuque é uma manifestação cultural de origem africana típica de comunidades afrodescendentes do Amapá, que inclui dança de roda, canto e percussão. Símbolo da identidade negra local, hoje o batuque se apresenta como identidade e patrimônio cultural de todos os amapaenses.
OCORRÊNCIA
Ligado ao catolicismo popular, as rodas de batuque ocorrem durante os festejos tradicionais em louvor aos santos católicos de devoção da comunidade: missas, novenas, ladainhas (parte religiosa), bailes dançantes e rodas de batuque (parte profana ou lúdica) compõem o calendário das festas. Também é dançado durante o Encontro dos Tambores, festividade em alusão ao Dia da Consciência Negra que reúne anualmente dezenas de grupos de marabaixo, batuque, sairé e zimba do estado. Ritmo típico de comunidades como Curiaú, Mazagão Velho, Ajudante, Conceição do Maracá, Igarapé do Lago, Carvão, dentre outras.
ORIGENS
As origens do batuque são incertas. Alguns sugerem que teria origem na África Central, entre os povos falantes de línguas bantu de países como Angola e Congo. A própria palavra “batuque” é seguramente oriunda de idiomas como o quicongo e o quimbundo.
INSTRUMENTOS
Os batuques do Amapá não são iguais: eles variam de comunidade para comunidade em função dos instrumentos utilizados. Em qualquer caso, o ritmo é sustentado por 2 ou 3 atabaques cilíndricos, com couro animal em apenas uma das extremidades, posicionados "deitados" com os tocadores sentados sobre eles. A afinação é feita posicionando-os próximo ao fogo. Quase sempre os tocadores são homens.
No Curiaú, o batuque é tocado com 2 atabaques, chamados “macacos”: o amassador (que faz a base rítmica) e o repinique (que faz os improvisos). Além deles, são tocados 3 grandes pandeiros feitos de couro animal. Em São Pedro dos Bois, o batuque é tocado com três atabaques e três pandeiros. Em Mazagão Velho e Ajudante, o batuque é tocado com dois atabaques. O diferencial dessa região é que um terceiro brincante senta-se na parte traseira de um dos atabaques e, com duas varetas, percute aquele logo a sua frente. Além disso, são usados "paus de chuva" (chocalhos compridos feitos de bambu) e o "raspador" (reco-reco) no lugar dos pandeiros. Já no Igarapé do Lago, o toque feito com três atabaques, "paus-de-chuva" e o "raspador" no lugar dos pandeiros.
A execução dos instrumentos do batuque tem a característica de começar “aos poucos”: depois da "chamada" feita pelo solista, começam a soar, um por um: o atabaque da base rítmica, depois o(s) de improviso e só depois os demais instrumentos.
CANTO
No Curiaú, os versos cantados são chamados de “bandaia”. Como os ladrões de marabaixo, os versos são cantados no padrão “chamada-e-resposta” característico de povos da África Central e Ocidental. Em geral, o canto começa antes de qualquer instrumento: um solista “chama” o coro (composto por todos os brincantes) cantando um refrão; logo em seguida, os brincantes “respondem” o chamado cantando o refrão em coro. Daí em diante, começa a execução dos instrumentos e o solista continua cantando os versos conhecidos ou improvisados; entre cada um deles, o coro volta a responder o refrão chamado pelo solista. Os versos do batuque podem se referir à fé do povo em Deus e nos santos de devoção da comunidade, a fatos do cotidiano, a fatos marcantes da comunidade, por exemplo.
DANÇA
O batuque dança-se em roda e individualmente: à medida que a roda gira, os pares de homens e mulheres se formam e se desformam, de modo que ninguém tem um par fixo. A roda do batuque gira sempre em sentido anti-horário. Os brincantes costumam dançar de forma mais alegre e solta do que o marabaixo: as mulheres dançam abanando suavemente a saia florida enquanto os homens a cortejam, ao mesmo tempo que giram em torno de si mesmos. A dança começa bastante lenta e, à medida que o toque acelera, ela se torna mais alegre e espontânea. O ápice da dança ocorre quando a roda é aberta no momento mais acelerado do toque, para que as mulheres girem e dancem em frente aos tocadores.
VESTIMENTAS
As roupas típicas do batuque são parecidas com a de outras manifestações folclóricas brasileiras de origem africana. As mulheres usam saia rodada florida, anágua, camisa branca ou colorida rendada (às vezes, com os ombros à mostra), lenço no ombro (para enxugar o suor), colares, pulseiras e a característica flor presa ao cabelo. Provavelmente, essa é uma versão estilizada das roupas usadas pelas antigas negras escravizadas. Já os homens costumam usar calça branca, camisa social simples ou florida, lenço no ombro e, às vezes, chapéu de palha.
CRÉDITOS
*Música: domínio público.
*Imagem: Brincantes de batuque do Quilombo Conceição do Maracá (Mazagão). Foto de IPHAN, 2018.
*Áudio: CD "Mazagão Velho: Nossas Tradições", grupo Raízes do Marabaixo (2010). Outros dados desconhecidos.
Texto: Eduardo Pereira, Macapá, 2020. [email protected]
O batuque é uma manifestação cultural de origem africana típica de comunidades afrodescendentes do Amapá, que inclui dança de roda, canto e percussão. Símbolo da identidade negra local, hoje o batuque se apresenta como identidade e patrimônio cultural de todos os amapaenses.
OCORRÊNCIA
Ligado ao catolicismo popular, as rodas de batuque ocorrem durante os festejos tradicionais em louvor aos santos católicos de devoção da comunidade: missas, novenas, ladainhas (parte religiosa), bailes dançantes e rodas de batuque (parte profana ou lúdica) compõem o calendário das festas. Também é dançado durante o Encontro dos Tambores, festividade em alusão ao Dia da Consciência Negra que reúne anualmente dezenas de grupos de marabaixo, batuque, sairé e zimba do estado. Ritmo típico de comunidades como Curiaú, Mazagão Velho, Ajudante, Conceição do Maracá, Igarapé do Lago, Carvão, dentre outras.
ORIGENS
As origens do batuque são incertas. Alguns sugerem que teria origem na África Central, entre os povos falantes de línguas bantu de países como Angola e Congo. A própria palavra “batuque” é seguramente oriunda de idiomas como o quicongo e o quimbundo.
INSTRUMENTOS
Os batuques do Amapá não são iguais: eles variam de comunidade para comunidade em função dos instrumentos utilizados. Em qualquer caso, o ritmo é sustentado por 2 ou 3 atabaques cilíndricos, com couro animal em apenas uma das extremidades, posicionados "deitados" com os tocadores sentados sobre eles. A afinação é feita posicionando-os próximo ao fogo. Quase sempre os tocadores são homens.
No Curiaú, o batuque é tocado com 2 atabaques, chamados “macacos”: o amassador (que faz a base rítmica) e o repinique (que faz os improvisos). Além deles, são tocados 3 grandes pandeiros feitos de couro animal. Em São Pedro dos Bois, o batuque é tocado com três atabaques e três pandeiros. Em Mazagão Velho e Ajudante, o batuque é tocado com dois atabaques. O diferencial dessa região é que um terceiro brincante senta-se na parte traseira de um dos atabaques e, com duas varetas, percute aquele logo a sua frente. Além disso, são usados "paus de chuva" (chocalhos compridos feitos de bambu) e o "raspador" (reco-reco) no lugar dos pandeiros. Já no Igarapé do Lago, o toque feito com três atabaques, "paus-de-chuva" e o "raspador" no lugar dos pandeiros.
A execução dos instrumentos do batuque tem a característica de começar “aos poucos”: depois da "chamada" feita pelo solista, começam a soar, um por um: o atabaque da base rítmica, depois o(s) de improviso e só depois os demais instrumentos.
CANTO
No Curiaú, os versos cantados são chamados de “bandaia”. Como os ladrões de marabaixo, os versos são cantados no padrão “chamada-e-resposta” característico de povos da África Central e Ocidental. Em geral, o canto começa antes de qualquer instrumento: um solista “chama” o coro (composto por todos os brincantes) cantando um refrão; logo em seguida, os brincantes “respondem” o chamado cantando o refrão em coro. Daí em diante, começa a execução dos instrumentos e o solista continua cantando os versos conhecidos ou improvisados; entre cada um deles, o coro volta a responder o refrão chamado pelo solista. Os versos do batuque podem se referir à fé do povo em Deus e nos santos de devoção da comunidade, a fatos do cotidiano, a fatos marcantes da comunidade, por exemplo.
DANÇA
O batuque dança-se em roda e individualmente: à medida que a roda gira, os pares de homens e mulheres se formam e se desformam, de modo que ninguém tem um par fixo. A roda do batuque gira sempre em sentido anti-horário. Os brincantes costumam dançar de forma mais alegre e solta do que o marabaixo: as mulheres dançam abanando suavemente a saia florida enquanto os homens a cortejam, ao mesmo tempo que giram em torno de si mesmos. A dança começa bastante lenta e, à medida que o toque acelera, ela se torna mais alegre e espontânea. O ápice da dança ocorre quando a roda é aberta no momento mais acelerado do toque, para que as mulheres girem e dancem em frente aos tocadores.
VESTIMENTAS
As roupas típicas do batuque são parecidas com a de outras manifestações folclóricas brasileiras de origem africana. As mulheres usam saia rodada florida, anágua, camisa branca ou colorida rendada (às vezes, com os ombros à mostra), lenço no ombro (para enxugar o suor), colares, pulseiras e a característica flor presa ao cabelo. Provavelmente, essa é uma versão estilizada das roupas usadas pelas antigas negras escravizadas. Já os homens costumam usar calça branca, camisa social simples ou florida, lenço no ombro e, às vezes, chapéu de palha.
CRÉDITOS
*Música: domínio público.
*Imagem: Brincantes de batuque do Quilombo Conceição do Maracá (Mazagão). Foto de IPHAN, 2018.
*Áudio: CD "Mazagão Velho: Nossas Tradições", grupo Raízes do Marabaixo (2010). Outros dados desconhecidos.
Texto: Eduardo Pereira, Macapá, 2020. [email protected]
4 سال پیش
در تاریخ 1399/08/03 منتشر شده
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